Psicanálise, breve história

O nascimento da Psicanálise costuma ser atribuído a duas mulheres: Bertha Pappenheim, jovem vienense da burguesia, enredada com o invento da fala e tratada por Josef Breuer; e Fanny Moser, tratada por Freud, enredada com o invento da escuta, compelindo o médico a renunciar à observação direta e a se manter recuado, atrás do paciente.

Freud foi o iniciador de uma inversão do olhar médico, da clínica transferencial, visto que a palavra era concedida às pacientes, isso consistiu em levar em conta também, no discurso da ciência, as teorias elaboradas pelos próprios doentes a respeito de seus sintomas e mal-estar. Freud renuncia a sugestão e a hipnose, trata seus pacientes sem procurar influenciá-los, faz com que se estendam comodamente num divã, enquanto ele próprio retirado do olhar dos pacientes, senta-se atrás deles. Não lhes pede para fecharem os olhos e evita tocá-los.

Dentre outras psicoterapias, a psicanálise foi o único método a reivindicar o inconsciente e a sexualidade como os dois grandes universais da subjetividade humana. No plano clínico, ela é também a única a situar a transferência como fazendo parte dessa mesma universalidade e a propor que ela seja analisada no próprio interior do tratamento, como protótipo de qualquer relação de poder entre o terapeuta e o paciente.